O que eu penso e o que eu sinto

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Desculpe, prova de quê?



Já há alguma tempo que ando com esta questão atravessada.
Faltam poucas horas para acabar o prazo de inscrição dos Professores para a realização da PACC (o que eles chamam de Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades) e eu não podia estar mais triste e revoltada.
 
No Facebook encontro algumas pessoas que dizem que nunca na vida iriam fazer a prova e apelam a que os outros façam o mesmo.
 
No entanto, encontro outras que perguntam:
- Até quando posso fazer a inscrição?
- Quanto é que tenho de pagar?
- O que é que perco se não me inscrever?
 
Eu tenho a resposta para todas elas.
- Podem fazer a inscrição hoje até às 18h.
- Têm de pagar 20€ pela inscrição e mais 15€ por cada disciplina que lecionem.
- E (esta é a mais fácil de todas) se se inscreverem perdem tudo, entre tudo está a vossa dignidade e honra profissional.
 
Outros ainda dizem como desculpa que só se ninguém se inscrevesse é que também não faziam a prova mas como sabem que alguns se vão inscrever fazem-no também. Esta teoria pertence só àquelas pessoas que não conseguem pensar pela sua própria cabeça por isso até acho bem que façam a prova e que, quando os colegas que se uniram conseguirem boicota-la, o Ministério da Educação não lhes devolva o dinheiro.
Para culminar, vejo as associações sindicais de Professores a incitarem os Professores a fazer a prova quando, na verdade, deviam estar do seu lado a defender os seus interesses e direitos.
or curiosidade fui ver a prova-modelo e fiquei sem palavras. Tudo está errado. Afirmam que a prova serve para avaliar o desempenho de docentes em exercício de funções e aplicam a mesma prova a docentes de Educação Pré-escolar e a docentes de Ensino Secundário como se se pudesse avaliar estas duas profissões com os mesmos critérios. Se estamos a começar a fazer isto com os professores, será que vamos no futuro fazer o mesmo com os alunos?
Nada me faz sentido nesta prova, o tipo de questões que colocam não servirão nunca para distinguir o que faz um bom e um mau professor. Vários estudos têm indicado que não é a realização de exames que gera o sucesso (nem escolar nem profissional) e estamos a aplicar exames aos Professores para gerar melhores Professores? Acho que qualquer pessoa consegue ver que tudo isto devia ser uma anedota e não uma realidade.
Já basta a forma como os Professores são muitas vezes tratados pelas famílias e pelos alunos, agora até pelos seus "representantes" e "defensores"? Já estou a ver pais a exigirem nas escolas dos seus filhos professores com notas acima de X...
E obrigarem Professores a avaliarem Professores? Onde é que está o sentido nisto? Nas outras profissões exigem unidades de trabalhadores unicamente dedicadas a essa tarefa e apenas no sentido de ajudar à contínua formação dos mesmos.
Na minha opinião, tudo isto não passa de mais um golpe baixo. Uma forma de se poder dizer no futuro que não temos Professores a mais, temos os Professores suficientes, já que os outros (com a aplicação da prova) afinal não estavam aptos para ensinar. Não me venham com desculpas esfarrapadas.
 
Professores sejam unidos e mantenham a vossa posição. Antes de vocês fazerem a prova muitos outros teriam de a fazer, nomeadamente quem teve esta ideia triste.

4 comentários:

  1. Se houvesse uma prova para exercer cargos políticos (feita por uma instituição credível e VERDADEIRAMENTE INDEPENDENTE (não com a independência dos atuais organismos fiscalizadores que não fiscalizam nada), se calhar encontrávamos a explicação para a situação em que o país está. :|

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  2. Olá Susana,
    partilho contigo e revolta e a incompreensão pelos objectivos da prova. Aquela prova, naquele formato, pode avaliar muita coisa, mas nunca as capacidades para leccionar.
    Sinto-me mm triste com todo este sistema Educativo.

    Beijinhos*

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  3. Que fique claro que eu defendo a avaliação dos Professores mas este não é claramente o caminho certo. Que revolta!

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  4. Susana, já pudemos falar sobre este assunto e, mais uma vez, parece que as coisas estão a ser feitas em cima do joelho... Também sou a favor da avaliação de professores e quanto à justiça... posso dizer que na maioria das empresas a avaliação é feita pelo superior hierárquico. Se é justo? Nem sempre... nem sempre respeitam factores de mérito ou quantitativos ou justos... às vezes dependem da boa vontade e da empatia criada. Não acredito que cheguem a um método de avaliação perfeito. O que eu sou sujeita também não o é mas eu não tenho propriamente escolha. Agora, questões tão básicas como avaliar com critérios diferentes professores da pré-escola e do ensino secundário prece-me completamente despropositado!

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